terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Velha Cidade




Jamais poderia esquecer
Dos meus tempos de criança
De tudo na velha cidade
Ainda guardo na lembrança,
Com toda vitalidade
Reconstituo minha saudade
Em regressão a infância.

E nessa volta ao passado
Nitidamente me vejo
Um menino despreocupado
Brincando por todo lado
Cheio de muito desejo.

Desejo de liberdade
Que ainda hoje tenho
De amor e felicidade
De um mundo sem maldade,
Tese que tanto mantenho.                          

Lembro o rio e os barrancos
Que ladeavam suas margens,
Dos banhos quase constantes
Namoricos e amantes
Formavam suas paisagens.

Mesmo sem muita opção
Nunca faltou pra onde ir,
A juventude em ação,
Fazia a programação
Com eventos para curtir.
  
O piquenique não faltava
Era tudo muito bacana,
Numa roça ou numa casa,
Vários grupos se juntavam
Em todo final de semana.

Lugares bem atrativos,
Como bem a pedra branca,
Estudava nossos livros
Os primeiros incentivos
Pra vida que nos confronta.        

No areal das coroas
Com praias ao seu redor,
A curtição tão grande e boa,
Mas o tempo não perdoa
A saudade é bem maior.

A grande pedra do remanso
Ponto lindo e notável,
Quase sempre de relance
Nas secas nos dava chance
De uma curtição inigualável.

A beleza é infinita
A saudade gera dor,
Ponta da pedra bonita
Sem o valor da pepita
Mas lindo Pico do amor

Criei-me por ali brincando
Como um índio curupira,
Nas matas sempre pulando
Sempre livre e vadiando,
Ingênuo e todo caipira.

Vivia a me alimentar
Com nossas frutas nativas,
O tempo lento a passar
Sem de nada reclamar
gozando de tudo na vida.
  
Tucum, quixaba e crioulí, 
Vendo, sei que reconheço.
Jenipapo, araçá, e acessí, 
Maçanzinha, aguapé, marí 
Frutos que jamais esqueço.

Os mesmos representavam
A grande mata ciliar
Do Velho Chico cuidava
Ao lado fortificava
Pra sua vida aturar.

Hoje não se ver um pé
Dessas arvores vigorantes,
Estou perdendo a fé
Pois não sei como é que é
Que este rio vai adiante.

Com tanta perversidade
Contra a vida e a beleza,
Nessa promiscuidade
Transposição é maldade
É acabar com a natureza.

Da velha pra nova cidade
Ouve-se, grande omissão,
Faltou pura idoneidade
Coerência e capacidade,
Amor e compreensão.

Ai que saudade danada
Desse meu velho torrão
Na mente não se apaga
Nada de novo afaga
As dores do coração

Finalmente vou parar
Mas me recordo muito mais
Não posso continuar,
Prefiro me magoar
No refugio com meus ais. 

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